quinta-feira, julho 12, 2007

Vale um rato mais que um ser humano?

Este  artigo, publicado  no jornal  "O Progresso" de Dourados  reflete  exatamente o que penso.
Aqui em Portugal, por exemplo, onde o aborto foi liberado, o termo "aborto" já foi suprimido dos noticiários por um profilático "IVG" (interrupção voluntária da gravidez). O IVG é uma sigla anódina e que nos jornais parece se referir a um procedimento parecido como marcar hora no dentista para extrair um dente.
Ao mesmo tempo, centenas de jovens desfilam seminus pelas ruas de Pamplona, na Espanha, a protestar contra o Festival de San Fermín e a crueldade contra os touros. O aborto é liberado na Espanha há tempos.
Este total contradição de conceitos, de percepção, causa absurdos de que, em termos de reações contrárias, seres irracionais serem mais importantes para muitos seres humanos do que sua própria espécie.
Estes são os novos tempos. Os animais não podem sentir "dor" mas os fetos e seus possíveis sentimentos estão relegados aos caprichos de seu "hospedeiro". Peter Singer parece estar vencendo.

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 Vale um rato mais que um ser humano?                            
                          
 Pe. Crispim Guimarães*

Esta notícia é muito legal. Polêmica à parte, a Justiça concedeu a um estudante o direito de não sacrificar ou dissecar animais em duas disciplinas do curso de ciências biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Róber Freitas Bachinski, afirma que foi movido pela ética. Ética minha gente! "É crueldade matar animais quando existem alternativas de ensino. Os animais sofrem e sentem dor, não acho que temos o direito de fazer isso", afirma. "Não vou participar de algo que vai contra meus princípios", diz.
A substituição de cobaias por métodos alternativos é justamente a área à qual Bachinski pretende se dedicar. "Quero desenvolver métodos para substituir o uso de animais em pesquisas". Segundo o estudante, muitas faculdades na Europa e Estados Unidos já aboliram o uso de animais em sala de aula. "A prática provoca uma falta de sensibilização nos alunos. No começo, muitos se sentem mal, mas depois acabam se conformando."
O diretor do Instituto de Biociências da UFRGS, Jorge Ernesto de Araújo Mariath, afirma: "Tudo é feito dentro dos preceitos éticos, (éticos novamente) não estamos brincando com os animais. Não existe nenhuma matança indiscriminada, pelo contrário, tudo é feito com o maior cuidado e respeito". Diz ainda: "Nenhum deles é submetido a maus-tratos, são utilizados de maneira ética e responsável".
Será que o aluno tem razão? Muito bonita sua atitude, apesar de saber que ainda se faz necessário o uso de animais como cobaias. Mas o que não entendo é porque os animais hoje - muitas vezes - são melhor tratados que as pessoas. Como pode passar pela cabeça de um ser humano a idéia de aborto (e outras atrocidades), matar uma criança, uma pessoa, quando somos capazes de conseguir na justiça o direito à vida de animais. Pergunta-me: estamos valendo menos que um rato? Ou já não sabemos mais o que é ética!
Nesta enorme onda de políticas em prol da cultura da morte não vejo mobilizações e muito menos casos na justiça para preservar o direito de inocentes – indefesos que são abortados, portanto assassinados, ao contrário, agora há uma mobilização imensa para aprovar o aborto, e outras cositas mas..., em nome do direito de decidir - do mais forte.
A natureza, da qual fazemos parte, tem todo o direito de existir e ser preservada, mas a pessoa não pode ser colocada em segundo plano, porque neste caso específico alguém está manipulando a opinião pública em proveito próprio. Quem? O fato é, existe uma subcultura se instalando entre nós e dentro de nós – através de uma forte propaganda velada que quer preservar a natureza, e isto é justo, mas que deseja também excluir (matar) seres humanos.
Olavo de Carvalho, escritor e filósofo, falava, tempos atrás, que bebês abortados são usados em poderosos laboratórios de produção de cosméticos para embelezar muitas madames, muitos dos enchimentos de face e cremes usados por aí podem ser frutos da mistura de seres humanos (crianças) e outros elementos, dissolvidos como se fossem simples vegetais. "O comércio de fetos para a indústria de cosméticos é o beneficiário mais direto e óbvio da legalização do aborto". Onde estamos? Talvez algumas pessoas, não no Mato Grosso do Sul, olhem-se no espelho "com enorme satisfação, vendo o sumiço de umas rugas e pés-de-galinha", proeza do uso de carne humana - novinha.
Tomara, meu Deus, que daqui para frente, olhando o bom exemplo deste rapaz possamos, inclusive entrar na justiça contra certas barbaridades, afinal, voltando ao título: valerá um rato mais que uma criança, mesmo esta estando no útero materno? Diante de Deus como nos vemos, se você não crê Nele, olhe-se diante no espelho e contemple um ser humano: você. Diante do espelho – não tenho dúvidas – sou mais valioso que um rato. Em dinheiro, talvez um pouco menos que um boi de raça, em dignidade, certamente mais que toda uma boiada.
No campo da dignidade, nada pode ser comparado ao ser humano.

*Coordenador de Pastoral da Diocese de Dourados.

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