segunda-feira, abril 05, 2010

Relembrando 1964

No longínquo ano de 2001, Olavo de Carvalho (na revista época) lançava o desafio:
Sugestão aos colegas: Por que ninguém entrevista Ladislav Bittman, o ex-espião tcheco que sabe tudo sobre 1964?

Ao apelo de Olavo, nenhum expoente da grandiosa "imprensa nacional"ousou responder. Em 2005 já não havia jornalismo de verdade no país, o que havia no lugar eram militantes sem escrúpulos em vender ideologia como "fatos".

Olavo mesmo já havia feito um grande favor à história nacional ao traduzir alguns trechos do livro "The KGB and the Soviet Disinformation", que mostravam - peremptoriamente- como a influência dos Estados Unidos foi forjada no Brasil dos anos 60 através de operações de desinformação da KGB e da Stb (agência checa) através de uma operação falsa chamada "Thomas Mann", no artigo "Derrubando a História Oficial de 1964" (página guardada).

Naquela ocasião, eu resolvi "topar" o desafio de Olavo: Encontrar Bittman e saber mais a respeito.

Minha missão cristalizou-se nos dois artigos que escrevi para o Mídia Sem Máscara em 2005, que agora voltaram on-line no "arquivo".

Volto ao assunto agora, cinco anos depois(!!!) por dois motivos:
- Relembrar um pouco o espírito que tornou possível o movimento contra-revolucionário de 31-03-1964.
- Trazer à tona verdades sempre bem escondidas pela massificação da versão esquerdista (e falsa) dos acontecimentos dos anos sessenta.

O terceiro motivo é para continuar onde parei naquela ocasião.

Pelos dois artigos aqui relacionados, nascidos pela troca de e-mails com o agente antes conhecido como Ladislav Bittman (agora conhecido como Lawrence Martin-Bittman), soubemos que o bloco soviético (KGB e o Sbt- serviço Tcheco) financiava um jornal conhecido como "conservador e nacionalista" para espalhar falsas notícias sobre supostas operações secretas norte-americanas no solo brasileiro.
O nome deste veículo era "O Semanário".

Pois bem, o que falta revelar era quem estava por trás do "Semanário", pois estas pessoas receberam dinheiro de Moscou para mentir descaradamente.

Alguns nomes podem ser percebidos, pelo menos indiretamente. Conforme um artigo de Luiz Moniz Bandeira, "Em meados de 1962, da tribuna da Câmara Federal, o deputado José Joffily, do partido Social-Democrático (PSD), denunciou a “penetration” e, no princípio de 1963, o jornalista José Frejat, através de O Semanário, revelou que mais de 5.000 militares norte-americanos, “fantasiados de civis”, desenvolviam, no Nordeste, intenso trabalho de espionagem e desagregação do Brasil, para dividir o território nacional."
Ora, a tal notícia encaixa perfeitamente com o que Bittman atestava em "Deception Game"

“O serviço de inteligência tcheco tinha canais jornalísticos qualificados à sua disposição na América Latina. Ele influenciava ideologicamente e financeiramente muitos jornais no Uruguai e no México, e mesmo possuía seu próprio jornal político no Brasil até abril de 1964. Mas, tradicionalmente, a desinformação estava associada em ampla medida a técnicas de falsificação. De 1960 a 1963, o departamento territorial latino-americano da inteligência tcheca tentou escapar dessa tradição, estabelecendo uma organização legal de dimensões continentais que arcaria com a tarefa das atividades políticas e propagandísticas anti-americanas. A essa operação, so b o nome de fachada Druzba (“companheirismo”), tanto a inteligência tcheca quanto a soviética atribuíam significação especial, de vez que o seu sucesso significaria uma substancial elevação de nível das atividades de propaganda e desinformação soviéticas na América Latina e, conseqüentemente, maior restrição da influência americana. A propaganda produzida pelas organizações legais existentes deveria sobrepujar as anteriores cartas anônimas estereotipadas e documentos forjados. Moscou deveria fornecer apenas as diretivas políticas básicas e a necessária ajuda financeira, enquanto as ações individualizadas de política e propaganda anti-americana estariam sob a jurisdição das organizações mesmas.
Pois então, seriam José Joffily e José Frejat, agentes a soldo de Moscou???

Isto é díficil de "provar" mas podemos ter pistas.
José Joffily é o nome mais citado, nas páginas da internet e mesmo em artigos de história do Brasil quando o assunto é a "influência" dos Estados Unidos no "golpe" de 1964. Tudo por causa de seu pronunciamento referido acima, onde Joffily "denunciou" a penetração de americanos no Brasil. Ou seja, o tal Joffily simplesmente leu um script forjado pelos soviéticos. E vira "herói". Depois Joffily foi cassado pela regime militar.
Mas não se pode dizer ao certo se ele conhecia o script ou foi um mero idiota útil no processo.

Já para o outro citado, José Frejat, tal adjetivo não pode ser dado. Como redator-chefe do Semanário, não tinha como não saber de toda operação e o "funding" dado pelos soviéticos. A carreira de Frejat foi forjada pelo movimento estudantil, mas foi como redator do Semanário (e a sua divulgação de propaganda soviética) é que a carreira dele teve impulso.
O "Semanário" é, inclusive, citado como fonte fidedigna para a história do Brasil. Frejat foi ainda membro do MDB e depois, na fase de redemocratização, ajudou a fundar o PDT e é, até hoje, uma referência da esquerda.

Pronto, mais uma vez, fizemos o trabalho que a imprensa deveria fazer.
Agora, poderiam, com cinco anos de atraso, completar o serviço???


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