sábado, maio 15, 2010

Fátima: A Real e a Inventada pela Mídia

Há mais de três anos vivo em Portugal. Portugal de Fátima, certamente.
Mas não canso de espantar-me com a quantidade de portugueses que nada conhecem do que realmente aconteceu na Cova da Iria em 1917 e simplesmente recitam comentários ready-made da grande imprensa sobre o fato.
As opiniões são sempre as mesmas: Fátima foi um mito criado pela Igreja Católica para desviar a atenção do povo... Y "otras cositas más".
Se fossem brasileiros, tão distantes dos fatos e do local de origem, até perdoaria. Mas portugueses.. Só penso que é resultado de uma lavagem cerebral midiática, muito parecida com o que os meios de comunicação, no Brasil, fazem à respeito do regime militar e dos "bravos" guerrilheiros da "liberdade" nos anos sessenta.

Mas vamos aos fatos:Portugal tornou-se República em 1910. E uma república "liberal". Uma reedição do acontecido ao tempo Pedro IV (o nosso casanova Pedro I) e com o Marques de Pombal. Isto se resume em nova perseguição à Igreja, bispos em cárcere privado, missas só com autorização estatal e etc...
Nós brasileiros, costumamos pensar Portugal como uma aliança inquebrantável entre o regime - seja qual for - e a Igreja Católica. A história mostra o contrário.

Pois é nesse ambiente de perseguição à Igreja que o fenômeno "Fátima" acontece.
A primeira aparição da Virgem foi a 13 de Maio de 1913 e, todos os meses, no mesmo dia, sucederam-se. A última aparição foi à 13 de Outubro de 1917.

Por que "milagre"?
Por que em visita anterior a Virgem havia prometido que naquela data, ao meio dia, iria provar a todos que os pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco não estavam mentindo. Isso por que nem toda a gente acreditava.

Isto enfureceu o governo republicano, que prendeu-os e os submeteu à tortura psicológica (muito pior do que as pretensas torturas submetidas aos terroristas em Guantánamo) para que negassem o que viram. Mas não conseguiram o intento.

O burburinho cresceu e, para o dia anunciado da "prova" de que os pastorzinhos falavam a com Nossa Senhora, milhares de pessoas acorreram à Cova de Iria (Fátima).
Eis os fatos narrados pela testemunha ocular do "Milagre de Fátima" em 13 de Outubro de 1917, o jornalista Avelino Ferreira, do Jornal "O Século".
Clique no link para a matéria completa. Obrigado ao blogger
KOSTA DE ALHABAITE.





KOSTA DE ALHABAITE: Ainda Fátima: Jornal "O Século", de Outubro de 1917...
A manifestação miraculosa, o sinal visivel anunciado está prestes a produzir-se - asseguram muitos romeiros... E assiste-se então a um espectáculo unico e inacreditavel para quem não foi testemunha d"ele. Do cimo da estrada, onde se aglomeram os carros e se conservam muitas centenas de pessoas, a quem escasseou valor para se meter à terra barrenta, vê-se toda a imensa multidão voltar-se para o sol, que se mostra liberto de nuvens, no zenit. O astro lembra uma placa de prata fosca e é possivel fitar-lhe o disco sem o minimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-hia estar-se realisando um eclipse. Mas eis que um alarido colossal se levanta, e aos espectadores que se encontram mais perto se ouve gritar:

- Milagre, milagre! Maravilha, maravilha!

Aos olhos deslumbrados d"aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos biblicos e que, palido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fóra de todas as leis cosmicas - o sol «bailou», segundo a tipica expressão dos camponeses.. Empoleirado no estribo do auto-omnibus de Torres Novas, um ancião cuja estatura e cuja fisionomia, ao mesmo tempo doce e energica, lembram as de Paul Déroulède, recita, voltado para o sol, em voz clamorosa, de principio a fim, o Credo. Pergunte quem é e dizem-me ser o sr. João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos.

Vejo-o depois dirigir-se aos que o rodeiam, e que se conservaram de chapeu na cabeça, suplicando-lhes, veementemente, que se descubram em face de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas repetem-se n"outros pontos e uma senhora clama, banhada em aflitivo pranto e quasi n"uma sufocarão:

- Que lastima! Ainda ha homens que se não descobrem deante de tão estupendo milagre!

E, a seguir, perguntam uns aos outros se viram e o que viram. O maior numero confessa que viu a tremura, o bailado do sol; outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da propria Virgem, juram que o sol girou sobre si mesmo como uma roda de fogo de artificio, que ele baixou quasi a ponto de queimar a terra com os seus raios... Ha quem diga que o viu mudar sucessivamente de côr...

São perto de quinze horas."


Nenhum comentário: